(Advertência: este assunto é pesado pacas. Mas, prezado leitor, você há de me entender. Se um dia eu hei de ser jornalista, em algum momento vou ter de escrever sobre temas mais terrenos e menos esvoaçantes. Portanto, já trato de colocar ‘a mão na massa’.
O assunto comentado é o que está na boca dos noticiários: os EUA.
Embora ele pertença à categoria peso pesado, sua importância é tamanho EXTRA G.
É, caro leitor...a coisa não está pra brincadeira, não :~ )
Os EUA não estão mais em pleno viço. Vêm perdendo fôlego a cada taxa econômica divulgada, os mercados financeiros demonstram insegurança e a possibilidade de uma recessão vem ganhando adornos. Por mais que o desaquecimento - ou já será uma recessão? – pareça uma ‘simples virose’, de uma coisa já se sabe: ninguém está imune à crise.
Desde 2001 (época do infeliz ataque ao WTC), supôs-se que uma possível crise nos EUA estaria por vir. Acalorados debates entre economistas, políticos e cidadãos sobre o caso eram hit do momento. Contudo, foi somente seis anos depois, que o grande Tio Sam (EUA) mostrou evidentes sinais de fadiga: oscilações no preço do petróleo, crise no mercado imobiliário, desemprego, queda no poder de consumo e a maior inflação dos últimos 17 anos.
E agora, será que o Tio Sam vai dessa pra melhor?
Embora muitos desavisados ‘torçam’ por isso – eu mesma já torci, admito... - a economia norte-americana ainda detém vigor e influência dignos de inveja.
Para melhor entendimento, convém fazer uma ligeira retrospectiva dos – fatídicos – fatos: em agosto do ano passado, um prestigioso banco francês chamado BNP Paribas congelou os fundos de investimento imobiliário devido à alta inadimplência (não pagamento) do setor subprime.
E o que é subprime?
Nada mais é do que uma forma de crédito; com ele o indivíduo consegue um empréstimo colocando sua casa como garantia. Na terrinha do Tio Sam, essa prática é muito comum: como 70% deles sempre compram, vendem e revendem imóveis, transformar a casa como ‘moeda de troca’ é relativamente simples. E daí surge o ‘tendão de Aquiles’: tamanha facilidade em obter empréstimos a juros baixos transformaram o subprime na forma mais comum de obter empréstimos. A excessiva procura por imóveis elevou os valores de tal forma que até restava um ‘dinheirinho extra’ aos tomadores, mesmo depois de pago o financiamento.
E o que a – esmagadora - maioria fazia com as verdinhas restantes?
Gastavam, of course. Uma vez mais, hipotecavam suas casas e retornavam às gastanças. A abertura do subprime fez com que empréstimos de grande risco fossem feitos sem grandes exigências, sendo que os juros eram a única ‘tábua de salvação’ dos bancos financiadores.
Certo, mas o que tais bancos ganhavam ao emprestar tantas doletas?
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Teoricamente, como o banco esperava receber o retorno desses beneficiários, ele securitizava essas hipotecas, ou seja, transformava-as em papéis (títulos imobiliários) que poderiam ser comercializados no mercado de ações. Isso permitia aos bancos ganharem mais dinheiro e ainda concederem mais financiamentos.
Porém, como apregoa a própria Física: tudo o que sobe, desce.
Juro sobre juro, empréstimo sobre empréstimo, securitização sobre securitização. A empolgação dos créditos não havia de durar muito.
E não deu outra: as medidas preventivas do banco BNP Paribas simbolizaram o estouro da bolha imobiliária.
Cada vez mais endividados, a classe média norte-americana parou de quitar dívidas, os bancos não honraram os investidores, e os investidores, por sua vez, sacaram o dinheiro de fundos imobiliários e o investiram em setores mais seguros.
Os bancos, com títulos ao montes e nenhuma - sóbria – viva alma para comprá-las, não tinham mais capital.
Alarmados, poderosos Bancos Centrais do mundo todo se uniram para ‘salvar’ o mercado mundial: injetaram bilhões e bilhões de dólares, aumentando a liqüidez (dinheiro disponível para empréstimos) e amenizando a queda das bolsas.
De agosto até hoje, muita água rolou por debaixo da ponte: o petróleo está a preços cada vez mais altos e instáveis; o consumidor, intimidado, gasta menos; o desemprego aumenta; e a economia desaquece.
A maior potência mundial começou a arquejar. E agora?
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Independente do que pode acontecer, é provável que uma recessão não traga efeitos tão funestos quanto os de 1929 ou 73. A economia mundial amadureceu ao longo dos anos, aprendeu com erros e tropeços, aos trancos e barrancos e agora vai encarar mais uma prova de fogo.
O recente pacote de medidas adotado por Bush (plano de injetar 1% do PIB norte-americano à economia) pode não ter acalmado o mercado internacional; em contrapartida, o recente – e abrupto - corte de juros fornecido pelo banco central estadudinense (Federal Reserve, o Fed) ajudou a amansar a tensão dos mercados, ao menos por enquanto. Ainda assim é prematuro afirmar que os EUA estão à beira dum caos.
Quanto ao Brasil; após quase uma década impulsionada pelo embalo da economia mundial, nossa ‘terrinha-tropicarnavalesca’ terá de evitar estripulias financeiras e 'desfilar' com mais cautela no ‘mercadódromo’ mundial.
Hoje, pode-se dizer que a economia brasileira está mais bem preparada. Porém, vale ressaltar: ainda não há imunidade contra a chaga de Tio Sam.
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Momento alucinógeno:
É nessas horas que Chuck Norris poderia dar um estupendo roundhouse kick na cara dessa crise econômica...
e em George W. Bush também...
E para saber mais, um infográfico batuta ↓