Queda à vista ou a prazo?

23.1.08

(Advertência: este assunto é pesado pacas. Mas, prezado leitor, você há de me entender. Se um dia eu hei de ser jornalista, em algum momento vou ter de escrever sobre temas mais terrenos e menos esvoaçantes. Portanto, já trato de colocar ‘a mão na massa’.
O assunto comentado é o que está na boca dos noticiários: os EUA.
Embora ele pertença à categoria peso pesado, sua importância é tamanho EXTRA G.
É, caro leitor...a coisa não está pra brincadeira, não :~ )

Os EUA não estão mais em pleno viço. Vêm perdendo fôlego a cada taxa econômica divulgada, os mercados financeiros demonstram insegurança e a possibilidade de uma recessão vem ganhando adornos. Por mais que o desaquecimento - ou já será uma recessão? – pareça uma ‘simples virose’, de uma coisa já se sabe: ninguém está imune à crise.
Desde 2001 (época do infeliz ataque ao WTC), supôs-se que uma possível crise nos EUA estaria por vir. Acalorados debates entre economistas, políticos e cidadãos sobre o caso eram hit do momento. Contudo, foi somente seis anos depois, que o grande Tio Sam (EUA) mostrou evidentes sinais de fadiga: oscilações no preço do petróleo, crise no mercado imobiliário, desemprego, queda no poder de consumo e a maior inflação dos últimos 17 anos.

E agora, será que o Tio Sam vai dessa pra melhor?

Embora muitos desavisados ‘torçam’ por isso – eu mesma já torci, admito... - a economia norte-americana ainda detém vigor e influência dignos de inveja.
Para melhor entendimento, convém fazer uma ligeira retrospectiva dos – fatídicos – fatos: em agosto do ano passado, um prestigioso banco francês chamado BNP Paribas congelou os fundos de investimento imobiliário devido à alta inadimplência (não pagamento) do setor subprime.

E o que é subprime?

Nada mais é do que uma forma de crédito; com ele o indivíduo consegue um empréstimo colocando sua casa como garantia. Na terrinha do Tio Sam, essa prática é muito comum: como 70% deles sempre compram, vendem e revendem imóveis, transformar a casa como ‘moeda de troca’ é relativamente simples. E daí surge o ‘tendão de Aquiles’: tamanha facilidade em obter empréstimos a juros baixos transformaram o subprime na forma mais comum de obter empréstimos. A excessiva procura por imóveis elevou os valores de tal forma que até restava um ‘dinheirinho extra’ aos tomadores, mesmo depois de pago o financiamento.

E o que a – esmagadora - maioria fazia com as verdinhas restantes?

Gastavam, of course. Uma vez mais, hipotecavam suas casas e retornavam às gastanças. A abertura do subprime fez com que empréstimos de grande risco fossem feitos sem grandes exigências, sendo que os juros eram a única ‘tábua de salvação’ dos bancos financiadores.

Certo, mas o que tais bancos ganhavam ao emprestar tantas doletas?
.
Teoricamente, como o banco esperava receber o retorno desses beneficiários, ele securitizava essas hipotecas, ou seja, transformava-as em papéis (títulos imobiliários) que poderiam ser comercializados no mercado de ações. Isso permitia aos bancos ganharem mais dinheiro e ainda concederem mais financiamentos.
Porém, como apregoa a própria Física: tudo o que sobe, desce.
Juro sobre juro, empréstimo sobre empréstimo, securitização sobre securitização. A empolgação dos créditos não havia de durar muito.
E não deu outra: as medidas preventivas do banco BNP Paribas simbolizaram o estouro da bolha imobiliária.
Cada vez mais endividados, a classe média norte-americana parou de quitar dívidas, os bancos não honraram os investidores, e os investidores, por sua vez, sacaram o dinheiro de fundos imobiliários e o investiram em setores mais seguros.
Os bancos, com títulos ao montes e nenhuma - sóbria – viva alma para comprá-las, não tinham mais capital.
Alarmados, poderosos Bancos Centrais do mundo todo se uniram para ‘salvar’ o mercado mundial: injetaram bilhões e bilhões de dólares, aumentando a liqüidez (dinheiro disponível para empréstimos) e amenizando a queda das bolsas.
De agosto até hoje, muita água rolou por debaixo da ponte: o petróleo está a preços cada vez mais altos e instáveis; o consumidor, intimidado, gasta menos; o desemprego aumenta; e a economia desaquece.

A maior potência mundial começou a arquejar. E agora?
.
Independente do que pode acontecer, é provável que uma recessão não traga efeitos tão funestos quanto os de 1929 ou 73. A economia mundial amadureceu ao longo dos anos, aprendeu com erros e tropeços, aos trancos e barrancos e agora vai encarar mais uma prova de fogo.
O recente pacote de medidas adotado por Bush (plano de injetar 1% do PIB norte-americano à economia) pode não ter acalmado o mercado internacional; em contrapartida, o recente – e abrupto - corte de juros fornecido pelo banco central estadudinense (Federal Reserve, o Fed) ajudou a amansar a tensão dos mercados, ao menos por enquanto. Ainda assim é prematuro afirmar que os EUA estão à beira dum caos.
Quanto ao Brasil; após quase uma década impulsionada pelo embalo da economia mundial, nossa ‘terrinha-tropicarnavalesca’ terá de evitar estripulias financeiras e 'desfilar' com mais cautela no ‘mercadódromo’ mundial.
Hoje, pode-se dizer que a economia brasileira está mais bem preparada. Porém, vale ressaltar: ainda não há imunidade contra a chaga de Tio Sam.
.
Momento alucinógeno:
É nessas horas que Chuck Norris poderia dar um estupendo roundhouse kick na cara dessa crise econômica...
e em George W. Bush também...

E para saber mais, um infográfico batuta

18 sinapses:

Murilo disse...

é... em tempo de acumulação flexível ao Estado serve apenas o trabalho de reduzir qualquer tipo de dano que o verdadeiros donos da economia, os grandes grupos empresariais, venham a causar no sistema financeiro. Isto vale para o Brasil, EUA e a grande maioria dos países.
Ou seja, os empresários ficam com todo lucro das suas negociatas quando estas estão indo de vento em popa. Mas quando há um problema causado por essas mesmas negociatas advinha quem paga a conta?!
A corda sempre estoura do lado mais fraco.

Belo texto moça! Parabéns!

Raphael Scire disse...

Magnífico o seu texto! Claro, conciso e muito bem explicado. E é claro que a gente pode juntar os dois, sim, aliás, os três, porque eu ainda tenho um mais velho, lembra?

Você faz ou ajustes ou quer que eu faça?

Se você quiser fazer, me manda por e-mail depois: raphaelscire@hotmail.com

Beijo

Raphael Scire disse...

sim, precisamos dar uma boa resumida, até porque têm coisas repetidas.

Quanto ao filme, vale muito assistir, é muito bom. Agora eu estou com vontade de ler o livro do Fiuza!

beijo

Anônimo disse...

Gostei mto do modo q o assunto foi abordado.De um jeito: claro e rápido.
Vale apena conferir o infográfico!
Continue escrevendo desse jeito!!
Bjs:* e Parabéns!!!

Tiago Torigoe disse...

meeeuuu Deuss....
Celeste tá cada vez mais ficando "ousada" hein? assunto de alt calibre esse...
tah parecendo ateh meu blog,com direito a round house kick e tudo mais! :P

mto bons os comentarios...a crise americana já está cansada de sair nos noticiarios mas é sempre bom esclarescer um pouco mais ^^

a parte da "maracutaia" da hipoteca e talz...coisa muito obscura para o povo Brasileiro (que nao tem costume de hipotecar), foi bem expicativa

parabens,e continue assim..
beijos,se cuida \o/

Anônimo disse...

oh, shit!
eu fui comentar, coloquei no teu primeiro post, vou colar aqui!

Saudações Internéticas! Também sou nova com tudo isso de blog e confesso que fiquei nervosinha também! Mas é um bom cano de escape, espero que você se divirta!

Comecei um blog hoje, se te interessar, depois dá uma passada! É sobre cinema e tal, quem sabe te interessa! :D

Um cheiro, Norma Desmond

aah, vi teu perfil! incrível, também vou fazer jornalismo!

Bruno Oliveira / Paulo Fernando disse...

Muito bem explicado, confesso que eu não estava a par do assunto, agora vejo que a crise é mais seria do que eu imaginava, obviamente acredito que o Brasil não ficará muito imune a esse caos economico, acredito que será afetado mas... o alcool já nos é um trunfo...

È a primeira vez que eu visito esse blog e gostei muito.
Entra lá no meu blog e dá uma olhada, é um blog de sociedade meu e de um amigo, o post no topo é dele mais visita lá e comenta... voltarei sempre, vou colocar um link do seu blog no meu, adorei.

www.luzbrpf.blogspot.com

Paulo Fernando

Bruno Oliveira / Paulo Fernando disse...

Obrigado por comentar lá no meu blog, tenho muita satisfação por sua visita, volte sempre.

Ah e algo que eu esqueci de lhe dizer, você será uma exelente jornalista, está no caminho certo.

Paulo Fernando
(Eu voltarei sempre)

Anônimo disse...

Meu...
como eu queria ter essa dedicação que você tem pro seu blog :}

MEEEU >_<~
me sinto uma bloggeira amadora perto de você :D

mas adorei o assunto
e MAIS!
adorei a parte do Chuck Norris :D


parabéééns, celestee :)

Romance. disse...

Ah! Criarei um jornal, só p/vc editar as matérias dele!
Sou fã de tuas palavras e idéias, olha! Parabéns !
Eu realmente não esperava mais nenhuma "resposta" sua no meu blog, e fico feliz em ter recebido.
Beijão!! ;}

Bruno Oliveira / Paulo Fernando disse...

Post novo lá no meu blog, comenta, até logo.

Paulo Fernando

César Schuler disse...

Presentes pra tu no Confessionário :]

MH disse...

Essa maldita crise americana é capa da revista carta capital, que vou ler tao logo desligue o computador.
Alias, vai ser um bom exercicio ler o que eles estao falando la e comparar com seu raciocinio (que esta muito bom, diga-se de passagem).

ah..valeu pelo comentario na historia da gafe com o ministro...rsrs..foi ridiculo, né? rsrs

Seu Hélio disse...

Confesso que bolsas, bancos, investimentos, empréstimos e aparatos da circulação econômica não estão entre meus temas prediletos. No entanto, devo assumir que seu texto é bastante informativo e interessante, sobre algo que já ouvi falar com certa frequência. Será que 11 de setembro foi início das invasões bárbaras sobre o império norte americano?

http://www.auquemia.blogspot.com

Blanche disse...

Olá Celeste!
Bem, realmente a direção de arte do filme caprichou nos figurinos :)
E me atrevo a dizer que não só neles.

Obrigada também pela e visita e espero que possamos estabeler uma boa relação com os blogs.

Quanto ao jornalismo fica por conta da minha amiga Norma, que também publica lá no blog, e que tem bastante interesse no assunto :)

Gostei dos temas abordados aqui por você, bastante versátil. Recessão à vista? Espero que não.

Beijo.

Maria Joana disse...

Nossa, será que eu li direito o comentário que você me deixou?
O MEU blogzinho inspirou o seu?? Sério mesmo? Bom, se for assim, sinto-me honrada.
Levei uns milênios pra responder porque tenho andado meio desconectada e sem tempo pra dedicar aos meus queridos branco-e-preto (meus blogs).
Ah, agradecer que tu me esclareceu um pouco sobre esse tema espinhoso que é pra mim da economia. Não me enteno muito bem com essa área, vou preciar estudar muito!
Bom, eu ainda não tenho mesmo certeza se vou pra Cásper- também estou esperando o resultado da FUVEST pro fatídico dia 7.
Mas será bom nos esvarrarmos... seja nos corredores ou nas idéias.

Beijo, moça!

Camila... disse...

Oi, moça!

Como foi o feriado? Fez algum passeio bacana na metrópole? Eu acabei comemorando na praia, foi ótimo. ;)

Beijo e boa semana!

Pimpão disse...

Creio que irá curtir ler sobre algo chamado Soft Power ‘teoria’ recente que se propõe a explicar o rearranjo das forças das grandes potencias mundiais... Acho que vai gostar.