Contentamento Invisível

20.1.08

Enquanto acabo um texto intrincado pra dedéu, eu não agüento ficar muito tempo sem postar. Portanto, aqui vai mais um. Neste post resgatarei minha boa e velha habilidade dos trabalhos escolares: a fabulosa arte de copiar e colar. Mas esta é por uma nobre causa.
O texto a seguir dispensa mais efemeridades minhas.
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Os Efêmeros

“Ando em busca d’Os Efêmeros. Encontro-os por todos os lados. Passantes calmos ou afoitos, vendo-se ou vendo-me. Os efêmeros são os vivos, os que podemos ver, e os fantasmas que vemos mesmo que não existam, e os que existem e não podemos ver. Qual a cegueira que nos toca, que nos impede a mira? O que eu veria se destapasse os olhos? Veria os efêmeros, os que se escondem, atrás de suas próprias nucas, e à sua frente perdidos de si mesmos em busca de si mesmos por meio de outros, e os outros? Outros, os desistentes e os insistentes, os efêmeros com seus sapatos, saias, bolsos, máquinas de fotografar, sombras; lêem livros, fazem teatro, assistem, esperam, comem, andam, olham, chegam, vêem, vão, os efêmeros estão por todos os lados, simples, complexos, apressados, com seus trejeitos, sorrisos, fome, seus objetos de espera, de sedução, repetem a vida, repetem a morte em vida, repetem a vida em vida, a armadura que sustenta toda vertigem. Os efêmeros formam atalhos, desvios, andam, andam, seguem lemingues sempre prontos ao abismo lento ao qual demos o nome de esperança. Os efêmeros são feitos de sinais, filigranas, fascínio, atenção, esperas, pés no chão, amor, prazer, conversas, ordens, são antípodas, são a nossa imitação.
Os efêmeros nos perguntam e não respondem, os efêmeros só esperam que os ajudemos a atravessar a grande vertigem. Sempre a espera do grande contentamento invisível.
Desnudemos os olhos. Queremos nossos olhos nus para que os efêmeros passem em seu cortejo triunfal em paz. Os efêmeros somos nós.”

Marcia Tiburi

* Também agradeço à Camila. Sem o blog dela, eu nunca teria reencontrado os efêmeros :o)

13 sinapses:

Camila... disse...

Oi Celeste! Obrigada :-))

Nós temos que agradecer à Marcia, que fez este texto primoroso... Queria tanto ter visto a peça, pena que já saiu de cartaz. :(

Beijos e ótima semana pra ti!

César Schuler disse...

belo texto...

Nos blogs e nos trabalhos escolares nada se cria, tudo se copia e cola :)

Murilo disse...

Retribuo a visita que fizeste no meu blog. Agradeço aos elogios e o seu comentário. Sinta-se à vontade pra visitá-lo sempre que desejar.
Gostei muito do seu blog e, quanto ao último texto, só posso dizer que você vai me fazer pensá-lo nele a noite inteira! hehe
Ah, tomei a liberdade de adicioná-la nos meus link!
Abraço e até mais!

Leleski disse...

Ei, Celeste, como vai? ;]

Desculpa não ter respondido o primeiro recado, eu tava meio sem tempo quando li.

E obrigada pelo apoio! Eu realmente quero aquele emprego. x.x

Aliás (tudo a ver com o assunto), Celeste é o teu nome verdadeiro?
Meu, que nome lindo. ó.ò

Romance. disse...

'Enquanto acabo um texto intrincado pra dedéu, eu não agüento ficar muito tempo sem postar. Portanto, aqui vai mais um. Neste post resgatarei minha boa e velha habilidade dos trabalhos escolares: a fabulosa arte de copiar e colar. Mas esta é por uma nobre causa.
O texto a seguir dispensa mais efemeridades minhas.' Acredite ou não, o que mais gostei foi dessa "parte".
Eu adoro essa palavra (Efêmero), logo este comentário passará a ser efêmero, também... o que é fato.
Agradeço teu comentário, belas palavras. E a poesia fui eu que fiz, sim, muito obrigada!
Beijão pra você! :*

obs: você tem a mesma "mania" que eu, de ver qualquer palavra errada e corrigir logo, mesmo sabendo que a pessoa pode entender o que quisestes dizer.

Seu Hélio disse...

Nunca li uma prosa tão poética, faltaram apenas as estrofes... Bom post.

Belo blog, está nos favoritos,


http://www.auquemia.blogspot.com

Roberta A. Mondadori disse...

As vezes pequenos contentamentos são preciosos em nossos dias.

Uma semelhança entre nós: “a fabulosa arte de copiar e colar”.

^^

Boa semana pra você, beijos...

Raphael Scire disse...

Celeste,

passe lá no blog e veja mais um texto sobre a crise.

Beijo

Gastón disse...

De mais o texto. Não gosto muito da figura da Marcia Tiburi, mas ela escreve bem de mais. Misturando seus dois últimos textos, escrevi uma vez sobre amores efêmeros. Vou tentar encontrá-lo.

Gastón disse...

Achei :0) Não é dos meus prediletos. Se quiser, depois apaga. Beijos

Texto para ler e esquecer 60 segundos depois

Hoje resolvi escrever para as mulheres de um minuto.
Aquelas que amamos por sessenta segundos.
Vou escrever imediatamente antes que o tempo se esgote.
É preciso uma paixão assim, arrebatadoramente rápida.

Amamos em segundos e levamos dias pra nos desfazer.
Elas não sabem que um anônimo as tornou tão desejadas.
Que perderam o sentido, mas vão ficar gravadas.
É preciso uma paixão assim, completamente unilateral.

E quantas paixões caberiam num dia como esse?
Mas eu não conheço tantas mulheres. Nem se conhecesse.
São precisamente mil quatrocentos e quarenta paixões fugazes.
É preciso uma paixão assim, completamente superficial.

E essas mulheres, tão platonicamente perfeitas.
Que se existissem seriam descepcionantemente desfeitas.
Amor assim não se descarta, apenas se espera passar.
É preciso uma paixão assim, despretensiosamente barata.

Só pra ocupar todos os espaços do tempo.
Só pra ocupar todos os espaços da cabeça.
Só pra me distrair enquanto eu espero.
Preciso de um amor assim, irremediavelmente eterno.

Gastón disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gastón disse...

(apaguei porque cortou a URL)

Legal que vc curtiu. Tem uns nesse estilo perdidos pelo Vida Perra. Nem sempre eu falo de humor. As vezes uma uma dor de cotovelo faz milagre rsrsrs.

Esse eu gosto: http://unavidaperra.blogspot.com/2007/02/ensaio-sobre-surdez.html

Gastón disse...

Cortou a URL de novo :0(

bom, se vc recebe por e-mail os comments, lá deve ter rolado.