Seu Charada

13.9.08


Apoiado sobre as grades enferrujadas do Parque Trianon ficava um homem.
Pobre, indigente, pedinte, miserável, vagabundo. Provável que muitos o vissem dessa forma.
Seu Charada poderia ser tudo isso e outros termos ordinários que inventavam, mas algo o tornava diferente.
Com trajes e farrapos, sentava-se com porte no chão da rua, abria um caderno amassado e punha-se a escrever com um toco de lápis.
Não reclamava. Ficava quieto, apenas. Escrevia.
Era notável como se deixava aproximar pelas pombas. Do paletó tirava um punhado de milho e dava às companheiras; talvez por gratidão — ou por alucinação mesmo — as aves pareciam mostrar interesse por seus escritos.
Isso foi tudo que consegui observar durante um ano. Há quatro estações, topava com ele e nenhum contato havia tentado. Assim continuei — presa à Lei da Inércia — até que meu “movimento resignadamente anestesiado” entrou em choque com a força da bisbilhotice. Tomei coragem, estanquei os passos e caminhei em direção ao homem.
Era um senhor de meia-idade, meia vida, meio incerto. Tinha cabelos longos, louro desbotado, barbudo, olhos azuis miúdos, roupas rasgadas, Havaianas moídas pelo uso.
Descobri que Seu Charada não avivava o passado, vivia só no presente. Escrevia sobre a rua, o céu, o que ouvia, via e pensava. Mostrava as anotações às pombas; eram mais atenciosas que muita gente por aí.
Falava pouco, palavras como arrulhos em linguagem telegráfica. Na calçada, ganhou invisibilidade e perdeu orgulho. Pouco se importava com o que outros pensavam. Ficava na rua fazendo o que gostava: andar, escrever e cuidar dos leitores voadores.
Nunca o vi pedindo esmola. Perguntei se queria comer algo:
— Não estou com fome. Incrível como vocês passantes passam a vida a comer.
Fiquei calada. Pensei em nada. Ou melhor, pensei em tudo e reagi com nada.
Enquanto digeria o que ouvi, Seu Charada começou a guardar as folhas e o toco de grafite, ajeitou o casaco, enfiou cada braço no bolso e foi embora sem pressa, sem tchau.
Ele partiu e continuei ali. Tentava decifrar as charadas que havia me pregado ao chão.

For mulinha

13.7.08

Partindo duma visão imprecisa, hoje tão contraditória e farta de dados danosos, ele calcula fatores, multiplica experiências, eleva problemas ao quadrado.
Após noites insones regadas a muita cafeína, Alberto finalmente desenigma:
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− Quer saber? Relativizo que a vida é mesmo

.
E=moionante.

O(u)ásis

6.7.08

O bom das férias é que você pode superar o limite do humanamente tosco.
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.. Dicionário
A-e-i-Houaiss
.da língua incoesa

Democracia
Datação
1671 cf. RB

Acepções
■ substantivo feminino
Rubrica: polititica.
1 que ou aquele que apresenta características do capiroto; demo
2 Demora & Cia
Companhia falida de leis formuladas por deputados e despudorados
3 sistema que dita a dura rotina dos cidadãos

Ex.: A d. costuma eleger "não-filhos" da labuta

Etimologia

gr. démokratía, de dêmos 'demo' + *kratía 'poder' (do v.gr. kratéó 'caráter, falta'), adp. ao lat.tar. demohipocratìa,ae 'id.', prov. através do fr. demohipócratie (1370 em Nicole D'Oresme, 1694 no sentido moderno); atribui-se à infl. do fr. a paródia deste voc. em port.; ver dem(o)- e -Cia

Sinônimos
berzebu, tinhoso, tapeação, lenga-lenga, marasmo, elitismo, cinismo – e outros -ismos


.

(Dúvida cruel:
se o voto é nossa voz, por que gritamos descaso?)

Filo de Sofia

1.7.08

Já estou de férias e meu ânimo escapuliu, mas logo o encontro – espero.
Enquanto isso, posto meu relatório de Filosofia retocado, cortado e devidamente linkado.

“Waking Life”: um sonho de filme

Lançado em 2001, com direção e roteiro de Richard Linklater (cineasta, escritor norte-americano e também autor do filme “Antes do Amanhecer”), "Waking Life" ganhou três indicações ao Independent Spirit Awards para Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro. Também recebeu os prêmios Cinema do Futuro e Lanterna Mágica no Festival de Veneza, mais a indicação ao Prêmio Adoro Cinema de 2002 na categoria Melhor Filme de Animação.
A película trata de um jovem (Wiley Wiggins) que não consegue despertar de seus sonhos, e então, passa a conversar com pessoas do mundo real dentro de um universo onírico.
De calmos filósofos a indivíduos coléricos, personagens comentam sobre filosofia, sociedade, morte e religião.
Feito por rotoscopia – técnica que dá às cenas traços de animação – pode-se dizer que “Waking Life” são dois filmes sobrepostos um no outro. Cada cena foi gravada e refeita por computação gráfica, o que dá ao enredo uma falta de consistência visual e de lógica exatamente como nos sonhos. Durante o tratamento, cada minuto da edição final fez os animadores gastarem quase 250 horas de trabalho.
Os diálogos são variados, rápidos e com leve toque de humor. Baseados nas idéias de Platão, Aristóteles, Nietzsche e Jean-Paul Sartre, lembram o estilo socrático de indagar o conceito para depois aprofundá-lo com idéias inusitadas.
Como num grande devaneio de 97 minutos, muita informação se perde e pouco conteúdo sobra. Entre conversas intensas e psicodélicas, figuras estranhas se dissipam num piscar de olhos.
Dentro de um mundo real à primeira vista, e surreal por outro, Wiley Wiggins questiona: “Estamos feito sonâmbulos quando estamos acordados ou será que estamos conscientes enquanto sonhamos?".
Dessa forma, Richard Linklater inova e transforma como ninguém pedaços de sonho em uma obra de retalhos cinematográfica.
.
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Aos sedentários e muquiranas como eu, seguem os links para download:


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E boa pipoca!

Dia adiado

8.6.08

23:58h
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Ada está desgostosa com os tique-taques. São tantos tiques nos taques que vai ter um piripaque.
Ada veste calça vermelha, camiseta branca surrAda, madeixa solta emaranhAda. Fadiga extremAda em um dia comum.
Sem ter uma gota de sono, Ada vê o relógio marcar zero hora.
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00:00h
.
Hora zero. Idéias à zero, profusão de círculos redondos, rotundos que ora circulam pela mente e nAda valem.
E que, por nAda valerem, adquirem valor. Valor nulo, como um dia
de Ada.
Com(0)um
.
.
zero à esquerda.
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Quer ela

4.6.08

Devaneia demais,demais. Deixa terra pra trás e não sabe o que faz. Só quer paz. Lá jaz pazciência. Aqui faz displiciência.Tudo dentro e entre ela. Em três linhas, entrelinhas. Querela.
.(Minha querela:
quero tempo.)

Sociedade maçuda

27.4.08

Seria melhor achar nada?
Pensar tudo?
Engolir pralarvas?
Sapecar sapos?
Ser O um dos uns.
Vestir o uniforme e ser uni-forme-mente
massante.

Observ.ação¹: Lendo compulsivamente
Fabio Rocha, minha inspiração – até agora.
Observ.ação²: Que diabos! Esse tempo insiste em me apressar! Assim que acabar a maratona, vou comentar nos blogs dos senhores, podexá! :D

Vers.o.s russos

15.4.08

Sábado, ao folhear alguns livros na livraria, eu me deparei com Vladimir Maiakóvski em obra.
Tinha lido um poema dele há poucos dias, gostei muito da forma como ele tece os versos: objetivo, boa sonoridade, disposição de palavras bem delineada. As palavras transpiram melancolia, revolução. História.
O maior poeta russo da vaguarda futurista viveu e participou da
Revolução de Outubro. Tinha especial apreço pelo ideário socialista, tanto que se associou ao Partido Bolchevique aos quinze anos (!).
Mas independente de seu passado político, Maiakóvski merece ser lido – e refletido.
Aí vai uma amostrinha poética pra você, caro leitor:)

E Então Que Quereis?...

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.

Outro poema, só que este é
Eduardo Alves da Costa, poeta brasileiro que compreendeu – e muito bem - o espírito de Maiakóvski.

No Caminho, com Maiakóvski

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!



(Já deu pra perceber, estou num momento 'rebelde-revolucionário-revoltoso-amotinado-aporrinhador'.
Ler textos de História Contemporânea dá nisso.)

Texto Expiatório (Reformulado)

22.3.08

Eu sei. Eu sei que fiz MUITO MAL ao manter este blog jogado ao relento de spams e vírus da vida.
Eu bobeei, vacilei, tremi na base, fiz caca.
Por isso, peço mil desculpas àqueles que sempre espiavam este cantinho e nada encontravam de novo (e de novo). Também sei que deveria redimir-me com algum texto primoroso sobre algo que aconteceu durante toda essa ausência.
Na verdade, eu já havia feito um texto sobre o memorável trote da faculdade, já estava tudo pronto, faltava apenas uns remendos.
Porém, ultimamente eu não ando no embalo para textos humorísticos. Peço perdão ao leitor que esperava algo mais cômico – mas que fique claro: logo "ressurgirei" das cinzas e voltarei a comediar as bizonhices do homem imbecilizado.

Mas o fato é: estou cansada de ler pessimismos, estou esgotada de presenciar a futilidade das inutilidades e estou POR AQUI ao ver minha impotência diante disso tudo, notando que eu própria me tornei uma pessimista.

E agora, voltemos ao cerne do post: sobre o poema EMOtivo e tosquíssimo de logo mais.

ContemplAtivo

Sente-se e contemple
Veja os espetáculos de artifício
Conte os passos presos ao chão
Olhe as pessoas errantes
Ouça o risível das risotas

Veja
Olhe
Observe
Contemple e aplauda o festival de personas

Sim, aplauda
Aplauda!
Aplaudamos este maravilhoso espetáculo falsário!

Estamos pregados no chão
Estamos presos no vão
Não há mais razão

Que me levem para longe
Não quero mais ser
Outra peça que a vida nos prega.

Vou-me embora pra Praia

31.1.08

O porquê de minha ausência nos próximos dias.
Eis abaixo uma jocosa, bizonha, bizarra, bruta e descomprometida sátira do poema
"Vou-me embora pra Pasárgada" de Manuel Bandeira:

Vou-me embora pra Praia
Lá sou amiga da sombra
Lá tenho o picolé que eu quero
No quiosque que escolherei

Vou-me embora pra Praia
Vou-me embora pra Praia
Aqui eu não ando de Havaianas
Lá a existência é uma calmaria
De tal modo invariável

E quando estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de retornar
- Lá sou amiga do tempo -
Irei no dia que eu quero
Na manhã que escolherei
Vou-me embora pra São Paulo.

(Aguarde-me;)

Eita lelê!

28.1.08

- Mas quê?!
AHHHHH!

Eita lelê, eu recebi duas honrarias?!
...
.
E... que eu faço agora?
.
Foi esta pergunta que me veio à cabeça e que logo depois, foi seguida de uma outra objeção:
.
- Fazer o quê? Ahn, bem. Eu tenho de agradecer ao César que me indicou e recomendar mais outros blogs supimpas. Até aí tudo lindo, tudo ótimo, mas... como vou fazer isso?
.
Quando somos pegos de surpresa é assim mesmo. Na hora que mais precisamos duma inspiração, PLIM: a torneirinha de idéias seca como mágica.
Depois de muito pensar e pensar, assumo que não encontrei a melhor forma de expressar o que queria; mas vamos em frente, vai ficar assim mesmo.
Vou registrar um pouco dos rodopios que me vieram à cabeça quando recebi tais indicações. É uma pequena restrospectiva 'acoplada' a um avoamento meu, acrescido de um simplório agradecimento.

Captou necas de pitibiribas? Calma, você vai entender logo mais.
.
Eu caí - de sopetão - neste mundo blogueiro graças aos meus ‘mentores’, sendo que um deles foi o César (Confessionário).
Quando eu lia seus posts, eu me identificava com cada um deles, achava incrível tamanha bravura dele ao revelar dilemas e devaneios que no fundo, todos nós temos, mas que nunca temos coragem de expor.
Após ler tantos blogs como o dele e de outros vários, posso afirmar que cheguei a uma conclusão meio óbvia, simplória, mas ainda assim pertinente: creio que a escrita seja o meio mais democrático de sermos ‘ouvidos’. Uma fala dos mudos.
Numa época em que conversar significa levantar a voz e chamar atenção numa tentativa – na maioria das vezes - desesperada de ser notado; na escrita cada um pode se expressar livremente, sem correr o risco de ser interrompido pelo vozerio.
Na escrita, o leitor está atento a cada palavra, a cada frase; uma comunicação quieta entre mim e você, sem interrupções e que pode ser feita a qualquer hora. Isso pode parecer meio estranho, mas trocamos ‘sinapses (in)voluntárias’ no momento em que você me lê.
E embora escrever seja complicado, ela traz suas comodidades.
Veja bem: eu não sei quem você é, eu não preciso passar por acessos de nervosismo pensando se vou falar idiotice, não preciso disputar ‘no grito’ uma troca de idéias, não há gaguejo, tosse, soluço ou espirros-surpresas; e tudo isso, com a ainda cômoda opção de você continuar lendo isto quando der e lhe convier na veneta. Mui democrático, não?
Pessoas como o César, os ‘impopulares da escola’ – sendo que eu me incluo nesta categoria – têm na escrita o fundamento para mostrar o que realmente são, sem estereótipos nem estridências.
Portanto, ratifico aqui a minha ‘tese’: a escrita é o meio de comunicação mais democrático que já existiu neste mundão humanóide - ao menos por enquanto ou até que me provem o contrário...

Agradeço mais uma vez a este grande "mentor" que me indicou, e a você, que continua lendo isto até o final.
Eu infelizmente não posso indicar todos aqueles que gostaria, porém, saiba que TODOS os que estão na listinha de Bons Blogs valem a pena ser conferidos!
Agora vamos aos 6 indicados para os dois mimosos mimos:



No Tablóide: o Senhor Tablóide traz assuntos diversos com um leve toque irônico, também faz uma breve análise do homem ‘apanacado’ contemporâneo – foi um dos primeiros blogs que eu li.

Auquemia: o Seu Hélio, um dos elementos químicos mais poderosos do planeta Terra, tem o Auquemia (é, um cachorro que mia...). Suas análises são peculiares, seu estilo é clássico. Grande blogueiro atômico!

Vida perra: muito bem escrito, criativo, histórias hilárias. Quem dera eu ter tamanha criatividade pra escrever assim.

Can you fell?: ela é novata, encontrei-a meio ao acaso. Quando li seus versos, tão bem feitos, logo me encantei. Essa menina tem um’alma de poetisa, grande talento.

Torce Distorce: ‘Será que é isso que necessito?’ foi esse o primeiro texto que li. Murilo e Little Ed escrevem textos com críticas sociais e acrescentam rock como um tempero a mais nessa mistura nada conformista.
.
Blablablog: este é um blog 'cabeça'. Se você curte ‘blabear’ sobre política, economia e sociedade, este é o seu recanto. O interessante é que às vezes ele foge do lugar-comum, nos surpreendendo ao tratar de assuntos como a ' filosofia' humana.
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Parabéns aos indicados :) !

Queda à vista ou a prazo?

23.1.08

(Advertência: este assunto é pesado pacas. Mas, prezado leitor, você há de me entender. Se um dia eu hei de ser jornalista, em algum momento vou ter de escrever sobre temas mais terrenos e menos esvoaçantes. Portanto, já trato de colocar ‘a mão na massa’.
O assunto comentado é o que está na boca dos noticiários: os EUA.
Embora ele pertença à categoria peso pesado, sua importância é tamanho EXTRA G.
É, caro leitor...a coisa não está pra brincadeira, não :~ )

Os EUA não estão mais em pleno viço. Vêm perdendo fôlego a cada taxa econômica divulgada, os mercados financeiros demonstram insegurança e a possibilidade de uma recessão vem ganhando adornos. Por mais que o desaquecimento - ou já será uma recessão? – pareça uma ‘simples virose’, de uma coisa já se sabe: ninguém está imune à crise.
Desde 2001 (época do infeliz ataque ao WTC), supôs-se que uma possível crise nos EUA estaria por vir. Acalorados debates entre economistas, políticos e cidadãos sobre o caso eram hit do momento. Contudo, foi somente seis anos depois, que o grande Tio Sam (EUA) mostrou evidentes sinais de fadiga: oscilações no preço do petróleo, crise no mercado imobiliário, desemprego, queda no poder de consumo e a maior inflação dos últimos 17 anos.

E agora, será que o Tio Sam vai dessa pra melhor?

Embora muitos desavisados ‘torçam’ por isso – eu mesma já torci, admito... - a economia norte-americana ainda detém vigor e influência dignos de inveja.
Para melhor entendimento, convém fazer uma ligeira retrospectiva dos – fatídicos – fatos: em agosto do ano passado, um prestigioso banco francês chamado BNP Paribas congelou os fundos de investimento imobiliário devido à alta inadimplência (não pagamento) do setor subprime.

E o que é subprime?

Nada mais é do que uma forma de crédito; com ele o indivíduo consegue um empréstimo colocando sua casa como garantia. Na terrinha do Tio Sam, essa prática é muito comum: como 70% deles sempre compram, vendem e revendem imóveis, transformar a casa como ‘moeda de troca’ é relativamente simples. E daí surge o ‘tendão de Aquiles’: tamanha facilidade em obter empréstimos a juros baixos transformaram o subprime na forma mais comum de obter empréstimos. A excessiva procura por imóveis elevou os valores de tal forma que até restava um ‘dinheirinho extra’ aos tomadores, mesmo depois de pago o financiamento.

E o que a – esmagadora - maioria fazia com as verdinhas restantes?

Gastavam, of course. Uma vez mais, hipotecavam suas casas e retornavam às gastanças. A abertura do subprime fez com que empréstimos de grande risco fossem feitos sem grandes exigências, sendo que os juros eram a única ‘tábua de salvação’ dos bancos financiadores.

Certo, mas o que tais bancos ganhavam ao emprestar tantas doletas?
.
Teoricamente, como o banco esperava receber o retorno desses beneficiários, ele securitizava essas hipotecas, ou seja, transformava-as em papéis (títulos imobiliários) que poderiam ser comercializados no mercado de ações. Isso permitia aos bancos ganharem mais dinheiro e ainda concederem mais financiamentos.
Porém, como apregoa a própria Física: tudo o que sobe, desce.
Juro sobre juro, empréstimo sobre empréstimo, securitização sobre securitização. A empolgação dos créditos não havia de durar muito.
E não deu outra: as medidas preventivas do banco BNP Paribas simbolizaram o estouro da bolha imobiliária.
Cada vez mais endividados, a classe média norte-americana parou de quitar dívidas, os bancos não honraram os investidores, e os investidores, por sua vez, sacaram o dinheiro de fundos imobiliários e o investiram em setores mais seguros.
Os bancos, com títulos ao montes e nenhuma - sóbria – viva alma para comprá-las, não tinham mais capital.
Alarmados, poderosos Bancos Centrais do mundo todo se uniram para ‘salvar’ o mercado mundial: injetaram bilhões e bilhões de dólares, aumentando a liqüidez (dinheiro disponível para empréstimos) e amenizando a queda das bolsas.
De agosto até hoje, muita água rolou por debaixo da ponte: o petróleo está a preços cada vez mais altos e instáveis; o consumidor, intimidado, gasta menos; o desemprego aumenta; e a economia desaquece.

A maior potência mundial começou a arquejar. E agora?
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Independente do que pode acontecer, é provável que uma recessão não traga efeitos tão funestos quanto os de 1929 ou 73. A economia mundial amadureceu ao longo dos anos, aprendeu com erros e tropeços, aos trancos e barrancos e agora vai encarar mais uma prova de fogo.
O recente pacote de medidas adotado por Bush (plano de injetar 1% do PIB norte-americano à economia) pode não ter acalmado o mercado internacional; em contrapartida, o recente – e abrupto - corte de juros fornecido pelo banco central estadudinense (Federal Reserve, o Fed) ajudou a amansar a tensão dos mercados, ao menos por enquanto. Ainda assim é prematuro afirmar que os EUA estão à beira dum caos.
Quanto ao Brasil; após quase uma década impulsionada pelo embalo da economia mundial, nossa ‘terrinha-tropicarnavalesca’ terá de evitar estripulias financeiras e 'desfilar' com mais cautela no ‘mercadódromo’ mundial.
Hoje, pode-se dizer que a economia brasileira está mais bem preparada. Porém, vale ressaltar: ainda não há imunidade contra a chaga de Tio Sam.
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Momento alucinógeno:
É nessas horas que Chuck Norris poderia dar um estupendo roundhouse kick na cara dessa crise econômica...
e em George W. Bush também...

E para saber mais, um infográfico batuta

Contentamento Invisível

20.1.08

Enquanto acabo um texto intrincado pra dedéu, eu não agüento ficar muito tempo sem postar. Portanto, aqui vai mais um. Neste post resgatarei minha boa e velha habilidade dos trabalhos escolares: a fabulosa arte de copiar e colar. Mas esta é por uma nobre causa.
O texto a seguir dispensa mais efemeridades minhas.
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Os Efêmeros

“Ando em busca d’Os Efêmeros. Encontro-os por todos os lados. Passantes calmos ou afoitos, vendo-se ou vendo-me. Os efêmeros são os vivos, os que podemos ver, e os fantasmas que vemos mesmo que não existam, e os que existem e não podemos ver. Qual a cegueira que nos toca, que nos impede a mira? O que eu veria se destapasse os olhos? Veria os efêmeros, os que se escondem, atrás de suas próprias nucas, e à sua frente perdidos de si mesmos em busca de si mesmos por meio de outros, e os outros? Outros, os desistentes e os insistentes, os efêmeros com seus sapatos, saias, bolsos, máquinas de fotografar, sombras; lêem livros, fazem teatro, assistem, esperam, comem, andam, olham, chegam, vêem, vão, os efêmeros estão por todos os lados, simples, complexos, apressados, com seus trejeitos, sorrisos, fome, seus objetos de espera, de sedução, repetem a vida, repetem a morte em vida, repetem a vida em vida, a armadura que sustenta toda vertigem. Os efêmeros formam atalhos, desvios, andam, andam, seguem lemingues sempre prontos ao abismo lento ao qual demos o nome de esperança. Os efêmeros são feitos de sinais, filigranas, fascínio, atenção, esperas, pés no chão, amor, prazer, conversas, ordens, são antípodas, são a nossa imitação.
Os efêmeros nos perguntam e não respondem, os efêmeros só esperam que os ajudemos a atravessar a grande vertigem. Sempre a espera do grande contentamento invisível.
Desnudemos os olhos. Queremos nossos olhos nus para que os efêmeros passem em seu cortejo triunfal em paz. Os efêmeros somos nós.”

Marcia Tiburi

* Também agradeço à Camila. Sem o blog dela, eu nunca teria reencontrado os efêmeros :o)

Amorzinho, amorzão, moreco

17.1.08

Oh céus!
Oh vida!
Ah, l’amour.

Um tema tão batido, tão brega, tão meloso e tão... satirizado :P
Não adianta negar: no meio de confidências entre amigos, conversas casuais, manicures, cabeleireiros, consultórios médicos – psicólogos e psiquiatras que o digam... - livros e claro, em blogs; o assunto ‘causos amorosos’ sempre está em pauta.

Certa vez, eu li o autor de um site propondo aos leitores explicar ‘o que é o amor’. Achei essa proposta mais voltada para um desafio do que para uma sugestão. E ainda assim (é, sou cabeça-dura) decidi encará-lo -mesmo sabendo que meu texto corre o risco de ficar tão profundo quanto uma poça d’água.

(Obs¹: Desde já esclareço que estou longe, muitíssimo longe de ser uma ‘PhD’ nesse ramo. Este texto contém apenas pensamentos ultra-avoados e demasiado sonhadores de uma cachola em pleno trabalhócio.)
(Obs²: E pra quem não sabia como eu... PhD significa Philosofy Doctor.)

Agora, vamos ao que interessa.
Segue abaixo um post sobre o sentimento mais manjado da face terrestre: o amor.

Amor não é só paixão. Não é só sexo. Não é só afago. Não é só amasso. Não é só dizer “eu te amo, docinho!”. Não é só casar, ter filhos e -ainda pensar que vai- viver feliz para sempre.
Não.
A meu ver, o amor é muito mais. O que descrevi acima é só um milésimo do que ele é e ainda pode vir a ser.

O amor bom mesmo está nas boas relações, tal como na amizade, na conquista, na afeição, risadas, gratidão, num jeito de olhar ‘instigante’, num animado bom-dia, num ‘deixa que eu te ajudo’, e tantas outras formas de se fazer e querer bem.

Por mais que se evite falar, este assunto sempre entra nas rodinhas de bate-papo. E embora muitos não o percebam, é este mesmo amor que alimenta o nosso dia-a-dia sempre presente nos mais reles gestos.

O amor gera sensações: das mais intensas, intempestivas, instáveis, inabaláveis e mais um monte de ‘ins’ que você pode -e muito bem-imaginar. Estes influenciam ações, que se tornam hábitos, que viram características e que nos tornam o que somos hoje.


O amor pode ser traiçoeiro quando mal tratado ou pode se converter num bálsamo quando bem dosado.


Bem, era só deste amor levemente adocicado que queria falar mesmo :]

Pais [dos Burros]

15.1.08

Quando era ‘pituquinha’, eu sempre perguntava ao meu pai o significado de alguma coisa. Razão esta da qual ele sempre me vinha com a infame resposta:

-Ué, você não sabe ler? Então! Procura no Pai dos Burros...

E hoje, se eu for considerar ‘ao pé da letra’ tudo o que meu verdadeiro -e biológico- pai me aconselhou, posso dizer convictamente que o prezado senhor e senhora Houaiss e Internet também são meus ‘pais’.
Mas estes não são meus únicos mentores em momentos de asnice. Também há o afamado Aurelião, o Michaelis, a Barsa (já aposentada, coitada) e mais uma penca de outros genéricos dicionários.

E quanto à minha ‘pseudo-tecno-mãe’ Internet, conheci-a aos sete anos. Naquele momento, sequer poderia imaginar o que viria: com grande surpresa, foram-me apresentados outros ‘membros da família’ como o Wikipédia, o Google (este, meu tio favorito), Orkut, Fickr, MSN e Blog Spot (este último, meu priminho recém-nascido).

E por que estou falando deles agora?
Porque no final do ano passado, eu passava por uma fase difícil, punk mesmo. Estava histérica por ver tantos quilos de estudo a digerir -ou seria engolir?- e por ainda ter de ler um penca de livros...isso já me causava congestão.
Vestibular é uma punkadaria mesmo, uma briga cerebral que sempre gera hematomas de dúvidas e curativos de exercícios a fazer.

Pois, bem. Foi assim que o senhor Houaiss e a senhora Internet me ajudaram nesta ardilosa empreitada. Eu consultava-os como uma crente fervorosa: lia resumos de livros, filmes, tentava encontrar exercícios resolvidos, pesquisava, fuçava, bizoiava etc.

Por um bom tempo -um mês mais ou menos- minha rotina foi de um estado e de um estudo desolados.

Mas hoje –aleluia salve, salve!- minhas angústias se foram!

Consegui ser aprovada aonde queria, passei de ano e conclui uma extensa trajetória de 14 anos numa mesma escola.

Agora, nada será o mesmo.


Com exceção, claro, de meus furtivos encontros com o ilustríssimo senhor Houaiss em companhia de sua amabilíssima senhora Internet.

FIM

:B

Tentativa do Não-poeta

13.1.08

Do silêncio vem o soluço
Do soluço sai o suspiro
Do suspiro nasce o sonho
Do sonho cresce a palavra
Da palavra floresce o som
Do som soa o sentido
E do sentido

faz-se o sentir.

[Sabes, poeta
Poemas sanam-te do insano]

Curdistão Begins: o Retorno

11.1.08

Após uma pausa no post anterior, voltemos às partes...

O assunto era sobre a Primeira Guerra Mundial e a decadência do Império Otomano.

Após o fim da Primeira Grande Guerra (1918), dois anos depois, cogitou-se a possibilidade de formar finalmente um Estado Curdo, num acordo conhecido como Tratado de Sèvres (...como se pronuncia isso?).
Diante de tal ameaça, Turquia, Irã, Síria e Iraque não pestanejaram; logo criaram medidas a fim de sufocar o plano de autonomia curda, sendo importante destacar a parte síria: sempre empenhados na dispersão de famílias, restrição de comida, ocupação de terras por sírios ultranacionalistas e ainda mais uma dose maciça de discriminação.
O Iraque -por enquanto- é o único país a reconhecer a etnia curda, mas não o Estado curdo -uma 'pequena grande' diferença...

Após a Segunda Guerra Mundial, vários partidos políticos se destacaram: República de Mahabad (já 'degolada'), Partido Democrático do Curdistão (KDP), União Patriótica do Curdistão (PUK), e o grande ‘calo no sapato do momento’, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Este último é o partido mais popular –e também, o mais violento. Sua ideologia vem do socialismo marxista e é altamente nacionalista; o seu lema é: ‘Olho por olho, dente por dente’, ou seja, utilizam práticas nada ortodoxas para alçar suas metas.

Pronto, eu não pretendo me estender mais. Primeiro, porque já estou cansada de tanta pesquisa; segundo, porque acredito que já tenha dado uma idéia do que está ocorrendo noutro lado do planeta azul.

É assim que a História segue seu rumo, cheio de caminhos tortuosos e imprevisíveis.
Qual será o final disso tudo?

Não sei.

Tamanha frieza nos conflitos causam náusea. Interesses não só com o Curdistão mas com todo o Médio Oriente sempre foram manipulados aqui e acolá... e o incrível é que isso sempre se concentrou no Oriente Médio!

A situação atual já não permite distinguir os ‘bandidos’ dos ‘mocinhos’- se é que eles um dia existiram.

Em uma hora haverá um fim.
E que assim seja. Pelo melhor caminho e sem demora.


"Os Curdos não têm amigos a não ser as montanhas."

Curdistão Begins: a Missão

(“Puutzz grila! É o fim da picada! Com tanto assunto pra escrever e vai comentar justamente sobre o... o Curdistão?! Que raio de ‘ão’ é esse?)

À primeira vista, parece ser um tema muito, muitíssimo chato. Quando ouvi o professor de Geografia falar sobre a matéria do dia –Curdistão- também pensei que seria um ‘porre daqueles’.
Mas acontece que depois de estudá-lo, eu me senti na obrigação de escrever algo sobre ele. São tantos acontecimentos que passam despercebidos e sequer paramos para pensar um pouco!
Acredito que poderíamos, no mínimo, ter alguma consideração à respeito desse povo que dá literalmente o sangue para existir.
As informações que obtive sobre o tema são tão confusas quanto a origem da pensão de Mônica Veloso. Portanto, se eu escrevi alguma babaquice, por favor... me avisem!

E já vou advertindo: se você está numa dieta mental, não o leia. O assunto não é light; aliás, é bem calórico.

O Curdistão – como quase todos os países que terminam em ‘ão’ e ‘tão’...- fica no Oriente Médio, ocupando regiões da Turquia, Iraque, Síria, Armênia, Irã e Azerbaijão (sendo este último, um dos nomes mais estranhos que já ouvi falar) .
Dentre todos eles, os curdos têm um pequeno diferencial: são o maior povo SEM Estado do mundo.
Ou seja, eles têm um idioma (o curdo), uma religião (são muçulmanos sunitas), costumes próprios (têm vestimentas típicas) e sequer são considerados um país!
A maioria da população vive na Turquia, Síria e no norte do Iraque, vivendo à custa de atividades agropecuárias (algodão, tabaco, ovelhas etcétera).
Vivem nas férteis terras dos rios Tigre e Eufrates; o relevo é acidentado com alturas que oscilam desde as mais altas montanhas (na Alta Mesopotâmia) até os amenos planaltos do norte iraquiano.

Falando assim parece lindo e maravilhoso, mas na verdade, o problema curdo está bem mais embaixo...embaixo dum tapete todo empoeirado chamado História.

Acontece que no exato território em que os curdos vivem hoje, existiu uma civilização -que não por acaso- sempre é a primeira a estudarmos nas aulas de História: a Mesopotâmia.
Foi dela que surgiram as técnicas agrícolas, a domesticação de animais, utensílios domésticos, formação de sociedades mais complexas e até da metalurgia, isso sem contar com a estratégica posição marítima que possui.
Ou seja, num local com tamanha importância bélica e histórica, a sina dela não era das melhores: estava prestes a se tornar um triste palco de conflitos que se rastejam até hoje.

O passar do tempo fez os curdos perderem sua organização política. Do status de reino, fragmentaram-se em acanhados principados; uns foram sorvidos pelos romanos, outros pelos persas, e alguns outros permaneceram independentes, graças às santas montanhas...
Em seguida, vieram os otomanos que, juntamente, trouxeram mais perdas.

Analisando o passado dos curdos, podemos até relacioná-los aos hebreus: obrigados a se dispersar em regiões diversas, abandonar famílias, abandonar casas e quem sabe mais o quê.

De tanto desrespeito e safadeza surgiu a revolta – também, já estava mais do que na hora!
E da revolta veio o nacionalismo, que empurrou -e empunhou -a população rumo a um Estado Curdo.
Acho que não preciso dizer que a ação foi nobre, mas desastrosa.
Depois da Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano finalmente conheceu a palavra FIM.

E... acabou assim?

Que nada! :/

Mas continua no próximo post, porque este já está grande demais :P


Momento ‘terror trash’:
‘Vamos por partes....’ de Jack, o Estripador

Mal-estar

9.1.08


Pois, é. É isso o que estou tendo agora. Um crise de mal-estar.

Minha intenção não é fazer deste blog um registro de lamúrias e chororôs, mas acho que, de vez em quando, expressar sentimentos também fazem bem. É quando o nosso lado mais humano vem à tona.

Peso na consciência, culpa, mal-estar, insegurança, como se mil tijolos pesassem direto no coração. Não é nada bom sentir-se assim.E causas não faltam: brigas com pais (este é o meu caso, mas não convém agora), brigas com amigos, tomar decisões que te beneficiem mas prejudiquem os outros, omitir certos fatos para evitar constrangimentos (ou até falar dos certos fatos e causar constrangimentos), fazer algo que não deveria ser feito ou não ter feito coisa alguma, enfim.

Do mal-estar vem a culpa, olhar para trás e ver que poderia ter sido melhor. Perceber que poderia estar noutra se tivesse tido coragem. Coragem para fazer o que tinha vontade e não fez.
Depois da culpa, vem o arrependimento.
E depois do arrependimento, fica um machucado encravado na consciência, que volta e meia dói, sempre quando vivemos situações que nos fazem lembrar dos penosos passados.
E não adianta fugir, parece que o tempo teima em nos fazer revivê-las: sensações, sentimentos, situações, solidões.
Mas não se preocupe, machucados se cicatrizam. Desde que quando cuidados para não mais retornarem.

Aprender com os erros é mais uma coisa que tenho de aprender...

Que diabos é CPMF?

É uma Contribuição para os Pilantras do Mensalão Federal? Uma Comissão Política dos que Mentem e Fanfarreiam?
Ou é um Comitê dos Políticos Malas Fajutos?

Embora tudo isso tenha um certo grau de verdade, a CPMF na verdade significa: Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira. Atrativo nome, não?

A CPMF foi criada originalmente em 1996, durante o governo de FHC; ela substituiu o IPMF (Imposto Provisório sobre a Movimentação Financeira), um ‘irmão gêmeo mais velho’ da CPMF; criado em 1993 ante a crise econômica que assolava o país (inflação, estagnação após impeachment de Fernando Collor, etc.) e foi extinto um ano depois em 1994.

(Só uma observação, percebam a tamanha sutileza que tiveram ao substituir a palavra ‘Imposto’ pelo termo: ‘Contribuição’. Acontece que todo o lucro dos impostos, de acordo com as normas federais, é repartido com os demais estados enquanto que numa contribuição, o governo pode ficar com absolutamente tudo o que arrecada. Governinho malandro...)

Dois anos mais tarde, a tarifa ‘ressurge das cinzas’, agora em forma de CONTRIBUIÇÃO; a grande novidade foi a heróica missão pró-saúde: 100% da arrecadação seria investida em hospitais, melhor atendimento aos pacientes, infra-estrutura, etc. Contudo, o governo persistiu no não-cumprimento: sequer gastou mais da metade da dinheirama que arrecadava para a saúde.

Originalmente, a CPMF foi extinta em Janeiro de 1999 e retomada em Julho do mesmo ano. Enquanto existia, a alíquota inicial era de 0,25%, depois subiu para 0,38%, desceu a 0,30% e ainda teve aumento para 0,38%; um vai e volta tributário que expressa mui bem o quão nosso governo é tremendamente estável.

Justiça seja feita, a CPMF até tinha seu lado positivo: diziam ser uma cobrança ‘insonegável’, ou seja, a contribuição era retirada automaticamente da transação bancária sem haver necessidade de terceiros (o que aumentaria o risco de corrupção), além disso, a receita federal poderia cruzar informações de bancos com empresas e indivíduos que freqüentemente pagavam o ‘imposto do cheque’.

Em contraposição, também havia a face perversa: o efeito cumulativo sobre produtos altamente manufaturados fazia com que o processo de produção, a cada movimentação financeira na compra de materiais, elevasse o preço final. Portanto: era ruim para o comércio, que gastava mais com a produção e igualmente prejudicial ao mercado, que tinha menor poder de compra.

E agora, a CPMF findou.

Por mais que este não seja o único imposto exorbitante que temos, o fim dessa ‘novela tributária’ representa um leve sopro de ar fresco àquele que já está empanturrado de contas a pagar. Agora, quem terá de controlar melhor as despesas da casa, também será o governo.


Como diria nosso nobilíssimo presidente:

- Fegurem os fintos, compfanheiros !



O Mistério do ETC.

8.1.08


Sabe aquelas dúvidas que sempre deixamos de lado e que sempre retornam para nos atormentar?
Pois bem, esta mera abreviação de três letras era uma delas: o etc.
Eu sempre me questionava: etecetera, etecétera, etc, et coetera, et cetera...
Afinal, qual deles era o certo? Que ele significa?
Diante de tamanha -e cretina- dúvida, me veio à cabeça tantas asneiras que resolvi fazer uma questão em homenagem à dita cuja:
Vamos lá:

1) Leia atentamente o enunciado e escolha a alternativa que julgar correta. Boa sorte (ou bom chute...).

Qual o significado de etc.?

a) Um ET chamado Cétera;
b) Uma brilhante idéia em homenagear as reticências -abreviar o nome do criador dos três famosos pontinhos por três melindrosas letras;
c) Uma importante empresa norte-americana chamada: Eletronic Theatre Controls;
d) Um serviço português chamado Engenharia de Telecomunicações, Consultores;
e) De todas as alternativas acima, apenas duas estão erradas;
f) Nenhuma bestice dessa está correta.

Resposta: para quem respondeu a alternativa E, saiba que a resposta está...certa, acertou na mosca! Somente as letras C e D estão certas (se és cético, confere no Google...).

Mas deixando de lado a brincadeira jumental, nenhuma das alternativas acima explica o verdadeiro significado de etc.
Sua origem nos remonta à Idade Média, no qual arcaicamente era escrito sob a forma de ‘&c.”. Enquanto na Idade Moderna, adquiriu os conhecidos contornos atuais e veio a se popularizar mundo afora.
Sua raiz vem do latim ‘et coetera’ (ou ‘et cetera’):
- et = e
- coetera = o resto (ceterus)

Resumindo, ele significa ‘e o resto’.
A abreviação que salva todos aqueles que não lembram mais o que falar, fazem desta mágica palavra a salvação para se livrar de um embaraçoso esquecimento ‘com classe’. Em vez de falar ‘sei lá, meu’ ou ‘não sei o resto, caraca' coloque um elegante ‘etc.’ e tudo se resolverá. Em redações, provas, conversas etc. (olha ele aí), esta palavrinha salva milhões de almas penadas, inclusive a minha.
Para não cair na rotina, também há outras sinonímias: dentre outros, assim por diante, relacionados e afins.
E mais uma curiosidade: para abrasileirá-lo basta escrever etcétera (com acento); isso de acordo com a Academia Brasileira de Letras, a ABL.

Agora sim, uma dúvida sanada! (Y)



Momento 'Café Filosófico'...
"As palavras são, naturalmente, o mais poderoso narcótico usado pela humanidade." Rudyard Kipling

Escrevinhando

6.1.08


Pode ser que muitos achem uma asneira isso o que digo mas escrever não é fácil.

É um processo que demanda atenção; é como uma matéria-prima que vai se moldando de acordo com as palavras, sendo que estas dão a forma de sua criação, o seu estilo, uma marca registrada única e somente sua.

Obter uma idéia, ter vontade e tempo para sentar na mesa, selecionar as palavras, tomar cuidado com as 'pegadinhas' gramaticais, reler o texto, achar que está uma droga, apagar, refazer de novo, ler outra vez, apagar, jogar mil pragas na sua falta de inspiração, respirar fundo, reescrever ...e eteceteras.

Para mim, escrever é sempre um desafio. Acho impressionante a habilidade que certas pessoas têm de escrever bons textos em tão pouco tempo; parece que tudo já está pré-escrito, vapt-vupt. Um ser desses armado com uma faca e o queij... ops, digo, caneta e papel na mão, ninguém segura.

Poemas e textos do tipo ‘zombaria-plus-irônico-sarcástico-advanced’ são os melhores. O primeiro, pelo cuidado que o autor tem nas palavras, pela sonoridade, por tratar de decifrar as indescritíveis emoções e ainda despertar outras - francamente, nada melhor do que se renovar após ler um bom poema :) Já no segundo, a espontaneidade em contar fatos bizonhos dos quais sempre passamos mas não temos coragem de expor, acrescidas por umas sacadas-sarcásticas-sacanas, são fantásticas!

Esbanjar simplicidade e criatividade no discorrer dos fatos são habilidades que, confesso, ainda não tenho.

Para formular um bom texto, eu demoro bastante - intensificando: bastante - tempo, às vezes, até dias. E mesmo assim, têm alguns que nem ficam lá um manjar dos deuses...

Corta uma frase, coloca outra, apaga esse trecho, risca esse treco, inverte, vai e volta, enfim, é um angu só.

É, prezados leitores,

definitivamente, escrever não é fácil!

Um blog?!

Aqui vai minha primeira postagem.

Se há algum tempo, alguém me perguntasse se eu teria coragem pra fazer um blog, eu lhe daria um convicto e sonoro ‘Não!’.

Embora isso pareça contraditório – sim, eu sou BEM contraditória- no íntimo, eu sempre quis um espacinho só meu para colocar pensamentos e pontos de vista aleatórios. Mas sempre tive receio.
Receio? Exatamente: medo, temor, hesitação, frio na barriga, suor frio e outros milhares de efeitos colaterais oriundos de minha –insuportável- timidez. Além do mais, para se ter um blog decente acredito que seja necessária uma baita d’uma responsabilidade, tanto com o conteúdo dos textos como para com os leitores que possam lê-los.

Porém – sempre há os poréns...- depois de muito refletir, refletir e claro, refletir, este ano resolvi mudar.
Mudar minha mente, muda’mente. Após anos de mudez opinativa, agora vou dar a cara pra bater!

Desde já, esclareço que estou longe de escrever ‘magavilhosamente bem’. Quero aprender mais, quero um dia escrever tão bem quanto aqueles que me influenciaram – mesmo sem saber - a criar este cantinho 'internético'.

Que este seja o início de boas novas.


Saudações, caros leitores e leitoras!


:)